"...brilhe a vossa luz diante dos homens,
de modo que, vendo as vossas boas obras,
glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu."
(Mt 5, 16)

São vários os cristão alentejanos,
ou com profunda relação ao Alentejo,

que se deixaram transformar pela Boa Nova de Jesus Cristo
e com as suas vidas iluminaram a vida da Igreja.
Deles queremos fazer memória.
Alguns a Igreja já reconheceu como Santos,
outros estão os processos em curso,

outros ainda não foram iniciados os processos e talvez nunca venham a ser…
Não querendo antecipar-nos nem sobrepor-nos ao juízo da Santa Mãe Igreja,
queremos fazer memória destas vidas luminosas.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Servos de Deus
Gaspar de Góis,
Afonso Fernandes
e nove companheiros mártires
(o nome oficial da Causa de Canonização é:
Pe. Pero Dias e 11 companheiros mártires)
A causa de canonização do Padre Pero Dias e 11 Companheiros foi introduzida em Coimbra em 1628 juntamente com a causa dos Beatos Mártires do Brasil (Padre Inácio de Azevedo e 39 companheiros). Tratava-se de uma única causa, de 52 mártires. É importante ler a história do Martírio do Beato Inácio de Azevedo e seus Companheiros para poder entender esta, que é continuação e desfecho de uma das mais belas e surpreendentes páginas do martirológio da Igreja.
O martírio de Pero Dias e companheiros
A quando do embarque em Lisboa, a 5 de Junho, deste imponente grupo de missionários Jesuitas destinados ao Brasil, coube ao Servo de Deus Padre Pero Dias tomar conta de uma parte do grupo de missionários, indo na nau capitânia, do Governador do Brasil, Dom Luís Fernandes de Vasconcelos. Chegaram à ilha da Madeira em 12 de Junho. Devendo o Governador permanecer por lá algum tempo, e a nau Santiago ter de passar pelas Canárias para o desembarque de mercadorias, o Beato Padre Inácio de Azevedo e mais 39 religiosos nela reembarcaram em 30 de Junho. O Padre Pero Dias ficou na Ilha como superior dos demais, aguardando a partida das suas naus. Chegaram então as notícias do martírio dos 40 missionários Jesuitas, ocorrida em 15 de Julho de 1570! Da ilha escreve o Padre Pero Dias, em 17 de Agosto, uma carta que se tornou famosa, traduzida em diversas línguas, narrando o martírio do Beato Inácio de Azevedo e seus companheiros. Chama-o "ditoso sucesso", e deseja para si igual sorte (LEITE, Serafim, Novas Páginas da História do Brasil, p. 213). Após enviar alguns dos religiosos de volta a Portugal, seguiu viagem rumo ao Brasil. O Padre Pero Dias e o grupo maior de jesuítas seguiam na nau capitânia, enquanto que o Padre Francisco de Castro e mais alguns irmãos na nau dos Órfãos. Chegaram a avistar a costa brasileira, mas Deus destinava-os a outro lugar! Os ventos e temporais os impediram de dobrar o cabo de Santo Agostinho, e os arrastaram para as Antilhas. Parte da armada foi parar à Ilha de São Domingos, Haiti, e parte à Ilha de Cuba. Quando o Padre Pero Dias chegou à Ilha Terceira, nos Açores, lá reencontrou o Padre Francisco e mais três irmãos, que já haviam chegado noutro galeão. Reunido novamente o grupo, os 15 jesuítas voltaram a empreender viagem rumo ao Brasil. Somente um não pode acompanhá-los, o Irmão Antônio Leão, que estava doente.
Mas (como tinha acontecido no ano anterior com o grupo do Padre Inácio de Azevedo), perto das Canárias, a 13 de Setembro de 1571, a nau do Governador foi atacada por uma armada de corsários, quatro naus francesas e uma inglesa, comandados por Capdeville! Uma coincidência: a nau capitânia era o mesmo galeão com que Jacques Sore tomara a nau Santiago no ano anterior! No combate inicial sucumbiu como herói o próprio Governador, Dom Luís de Vasconcelos. Os jesuítas foram atacados pelos hereges como os outros um ano antes, por serem missionários católicos: 5 foram mortos no mesmo dia, e no dia seguinte, 14 de Setembro, outros 7. São o segundo grupo de 12 mártires.
Dois escaparam, Irmão Diogo Fernandes e Irmão Bastião Lopes, que foram lançados vivos ao mar dia 14, mas sobreviveram por saberem nadar, acabaram recolhidos por uma nau francesa e deixados na costa da Espanha. Voltaram a Portugal e foram os informadores do martírio do Padre Pero Dias e seus companheiros. Um outro, Irmão Gaspar Gonçalves, foi vencido pelo medo, vestiu-se de grumete e meteu-se no meio aos grumetes feridos. Os franceses levaram-no e mais tarde, não tendo como curá-los e sustentá-los, lançaram-nos todos ao mar, e assim foram mortos; este irmão, porém, não se considera mártir.
Desse grupo de 12 mártires jesuítas, dois eram Padres (Pero e Francisco) e 10 eram Irmãos. Desses Irmãos, alguns eram estudantes (religiosos seminaristas que estudavam para serem padres), outros eram coadjutores (somente religiosos, não destinados à ordenação sacerdotal). (informações extraídas de LEITE, Serafim, Novas Páginas da História do Brasil. p. 207-246).
Neste grupo de 12 mártires, encontram-se dois jovens alentejanos, oriundos da Arquidiocese de Évora. São eles os:
Servo de Deus Gaspar de Góis,
irmão, estudante
Nascido em Portel, no ano de 1546. Era irmão do Padre Manuel de Góis, famoso autor do Cursus Conimbricensis. Entrou na Companhia de Jesus (Jesuitas) em Évora, com 16 anos. Já tinha concluído o curso de Artes e estudava Teologia quando se ofereceu para a missão no Brasil. Em Val de Rosal estudava Casos de Consciência para ser ordenado sacerdote; na nau do Governador ensinava a doutrina e pregava. Foi morto à espada e lançado ao mar no dia 13 de Setembro. Recebeu a palma do martírio com 25 anos de idade.
Servo de Deus Afonso Fernandes, irmão, estudante
Nasceu em Viana do Alentejo, em 1548. Entrou na Companhia de Jesus (Jesuitas) em Évora, com 19 anos. Quando pediu para ir ao Brasil, já era teólogo. Muito talentoso, concluíra o curso de Artes com brilhantismo e ia destinado a ensinar Filosofia no Brasil. Em Val de Rosal estudava Casos de Consciência para ser ordenado. Foi lançado vivo ao mar no dia 14 de Setembro. Tinha 23 anos de idade, quando por amor a Cristo, foi martirizado.
Os restantes mártires são:
Servo de Deus Pero Dias, padre. Natural de Arruda dos Vinhos.
Servo de Deus Francisco de Castro, padre.Natural de Montemolin, Espanha.
Servo de Deus Pero Dias, irmão, estudante.Natural de Souto.
Servo de Deus João Álvares, irmão, estudante. Natural de Estreito, próximo a Castelo Branco.
Servo de Deus André Pais, irmão, estudante. Natural do Porto.
Servo de Deus Fernão Álvares, irmão, coadjutor. Natural de Viseu.
Servo de Deus Miguel Aragonés, irmão, estudante. Natural de Guizona, na Catalunha, Espanha.
Servo de Deus Francisco Paulo,
irmão. Recebido em Portugal pelo Beato Inácio de Azevedo para ir para o Brasil como noviço. O registro de entrada na Companhia, com mais informações, perdeu-se na nau do martírio.
Servo de Deus Diogo de Carvalho, irmão, coadjutor. Natural de Tondela, Viseu.
Servo de Deus Pero Fernandes,
irmão coadjutor, Português. Seu registro, com mais informações, também perdeu-se em alguma das duas naus onde estavam os mártires.
(Fonte: cf. Santos do Brazil.org)

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