"...brilhe a vossa luz diante dos homens,
de modo que, vendo as vossas boas obras,
glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu."
(Mt 5, 16)

São vários os cristão alentejanos,
ou com profunda relação ao Alentejo,

que se deixaram transformar pela Boa Nova de Jesus Cristo
e com as suas vidas iluminaram a vida da Igreja.
Deles queremos fazer memória.
Alguns a Igreja já reconheceu como Santos,
outros estão os processos em curso,

outros ainda não foram iniciados os processos e talvez nunca venham a ser…
Não querendo antecipar-nos nem sobrepor-nos ao juízo da Santa Mãe Igreja,
queremos fazer memória destas vidas luminosas.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2008

Mártires do Brasil
Beato Inácio de Azevedo
e 39 companheiros mártires
Festa: 17 de Julho

Trata-se de um grupo de 40 jovens jesuítas, quase todos entre os 20 e os 30 anos de idade que se dirigiam de barco para o Brasil, a fim de ajudar na sua evangelização. Junto às ilhas Canárias, em 15 de Julho de 1570, foram interceptados por navio de protestantes Calvinistas que, sabendo que eles eram missionários católicos, os assaltaram: e deitaram ao mar, muitos depois de mortos, outros ainda vivos, alguns com greves ferimentos. Chefiados pelo Padre Inácio de Azevedo, 32 dos mártires são portugueses e oito espanhóis. No grupo dos Portugueses 10 são alentejanos e naturais da arquidiocese de Évora:
Beato Manuel Álvares, irmão, coadjutor. Filho de Jerónimo Álvares e de Joana Lopes, nasceu em Estremoz, em 1536 e entrou na Companhia de Jesus para irmão coadjutor, em Évora, em 12 de Fevereiro de 1559,com 23 anos. Era trabalhador do campo e guardava gado; contava que estava arando a terra certa vez, e sentiu o desejo de ser peregrino e nada ter por amor a Deus, fazendo parte de alguma ordem religiosa. Depois dessa inspiração de Deus, foi levado por um sacerdote à Companhia. Aprendeu a ler e pediu para ir ao Brasil. Na nau Santiago, durante o combate, gritava muito alto, animando os combatentes, para que não se deixassem vencer pelos hereges. Os inimigos retalharam-lhe o rosto com cutiladas. Mas, tendo decidido não o deitar logo ao mar, para que sofresse mais, deixaram-no sozinho, estando ainda vivo. Por fim foi lançado vivo ao mar. Na altura do martírio tinha 34 anos de idade.
Beato Francisco de Magalhães, irmão, estudante. Nascido em Alcácer do Sal, em 1549. Já estudante em Évora, entrou para a companhia com 19 anos, em 1568. Cantava admiravelmente e era dedicado colaborador de Padre Inácio; ajudava na instrução religiosa dos marinheiros. Ao ser lançado vivo ao mar, disse aos hereges: "Ah! Irmãos, Deus vos perdoe isto que fazeis". Foi martirizado com 21 anos de idade.
Beato Luís Correia, irmão, estudante. Segundo a documentação existente, sabe-se apenas que nasceu em Évora e que sofreu o martírio, sendo atirado vivo ao mar.
Beato Álvaro Mendes, irmão, estudante. Nascido em Elvas. Há uma tradição que diz que viveu (e nasceu?) na Rua do Padrão, mas não se sabe em que casa ou lugar. Era excelente cantor. Embora tenha adoecido na Ilha da Madeira, quis seguir na nau Santiago. Na nau, manteve-se sempre a ajudar a bomba, nunca se apartando dos outros. Com eles foi despido e maltratado, até serem finalmente deitados vivos ao mar.
Beato Pero Nunes, irmão, estudante. Nascido em Fronteira. Foi lançado vivo ao mar.
Beato Luís Rodrigues, irmão, estudante. Nascido em Évora, em 1554. Entrou na Companhia, aos 16 anos, em 15 de Janeiro de 1570. Continuou o noviciado em Val de Rosal e na nau do martírio. Depois da morte do Padre Inácio exortava os colegas: "Irmãos, animemo-nos e ajudemo-nos do Credo, porque o sangue de Cristo não se há-de perder". Ferido a punhaladas e lançado ainda vivo ao mar. Foi martirizado com 16 anos de idade.
Beato André Gonçalves, irmão, estudante. Nasceu em Viana do Alentejo. Havia estudado na Universidade de Évora. Foi recebido pelo P. Inácio de Azevedo directamente para o Brasil. Depois de apunhalado, foi lançado ao mar.
Beato Aleixo Delgado, irmão, estudante. Nasceu em Elvas, no ano de 1555. Servia de guia a seu pai, que era cego. Conseguiu ser colocado no Colégio dos Porcionistas (ou "Convictores"), onde servia e estudava ao mesmo tempo. E aí, "foi em pouco tempo crescendo em virtudes e no estudo das letras". Encontrando lá um dia o Padre Jorge Serrão, Jesuíta, o bom menino "rogou muito que o admitisse na Companhia". Perguntou-lhe o Padre "para que queria ser da Companhia?" Respondeu que "o movia a isso o muito que desejava ser Mártir"! Passando por Évora, o Padre Inácio de Azevedo satisfez-lhe o pedido, apesar de ele ter apenas 14 anos. Mas "mostrou sempre espírito maior que a sua idade... " Cantava muito bem e era especialista em recitar o catecismo cantado. Durante a tormenta, três ou quatro dos assaltantes "tomaram ao irmão Aleixo, vendo-o pequeno, que não teria mais de 14 ou 15 anos, e arrebataram-no entre as mãos e começaram a dar-lhe mais punhaladas...". Foi lançado vivo ao mar. Foi martirizado com apenas 15 anos de idade.
Beato António Fernandes, irmão, coadjutor. Nasceu em Montemor-o-Novo. Era filho de Gaspar Fernandes e de Maria Lopes. Entrou na Companhia de Jesus, no dia 1 de Janeiro de 1570, com 18 anos de idade. Era muito bom carpinteiro, arte que aprendeu provavelmente em Lisboa. Em Val de Rosal, era o chefe da oficina de carpintaria. Foi lançado vivo ao mar.
Beato Domingos Fernandes, irmão, estudante. Nasceu em Borba, em 1551. Filho de Bento Fernandes e de Maria Cortes, contava apenas 16 anos quando foi recebido no noviciado da Companhia de Jesus, em Évora, no dia 25 de Setembro de 1567. Apesar disso, vem apontado entre os "irmãos antigos e de muitos anos e de muita virtude". Quando deitaram ao mar o Beato Padre Diogo de Andrade, "da mesma maneira arrebataram e deram punhaladas ao irmão Domingos Fernandes e, assim, meio vivo meio morto, o lançaram ao mar".Tinha 19 anos de idade quando recebeu o martírio.
Beato Inácio de Azevedo, padre
(responsável do grupo)
Natural do Porto, nascido por volta de 1526, de família importante e influente. Aos 22 anos entrou para a ordem dos Jesuítas. Foi vice-provincial de Portugal e reitor do Colégio de Braga. Destacava-se pela penitência, oração e obras de misericórdia. A grande paixão de Inácio eram as missões! Pelo seu carácter empreendedor, activo e enérgico, São Francisco de Borja, o superior de toda a Ordem, nomeou-o Visitador do Brasil. Chegou à Bahia em 24 de Agosto de 1566, juntamente com outros jesuítas. A incumbência revestiu-se de grande dinamismo e oportunas medidas de governo. Partiu para Portugal em 24 de Agosto de 1568, para conseguir reforços para o Brasil. Reuniu uma expedição de 73 religiosos, e zarparam nas três naus da frota do Governador do Brasil. A nau em que viajavam Inácio e um dos grupos foram atacados por protestantes Calvinistas que quiseram poupar os sobreviventes da luta mas gritaram contra os jesuítas: "Mata, mata, porque vão semear doutrina falsa no Brasil". Inácio foi ao encontro deles, com uma imagem de Nossa Senhora nas mãos, dizendo a alta voz: "Todos me sejam testemunhas como morro pela Fé católica e pela Santa Igreja Romana". Já ferido mortalmente, dizia a seus companheiros: "Não choreis, filhos. Não chegaremos ao Brasil, mas fundaremos, hoje, um colégio no céu".
Beato Diogo de Andrade, padre. Nasceu em Pedrógão Grande, próximo a Leiria, em 1531. Ferido na cabeça e a punhaladas, foi lançado vivo ao mar.
Beato Bento de Castro, irmão, estudante. Nasceu na Vila de Chacim, de Trás-os-Montes, em 1543, de família fidalga e rica. Foi o primeiro a ser ferido com pelouros e punhaladas e lançado ao mar ainda vivo.
Beato António Soares, irmão, estudante. Nasceu em Trancoso. Na nau Santiago ajudava os feridos e animava os combatentes. Crivado de punhaladas, foi lançado vivo ao mar.
Beato Francisco Álvares, irmão, coadjutor. Nasceu na Covilhã, em 1539. Lançado vivo ao mar.
Beato João Fernandes, irmão, estudante. Nasceu em Braga, em 1547. Foi lançado vivo ao mar.
Beato João Fernandes, irmão, estudante. Nasceu em Lisboa, em 1551. Foi lançado vivo ao mar.
Beato António Correia, irmão, estudante. Nasceu no Porto, em 1553. Maltratado pelos hereges com os punhos de uma adaga e lançado vivo ao mar.
Beato Marcos Caldeira, irmão. Nasceu em Vila da Feira, em 1547. Lançado vivo ao mar.
Beato Amaro Vaz, irmão, coadjutor. Nasceu em Benviver, distrito do Porto, em 1553. Apunhalado e atirado vivo ao mar.
Beato João Maiorga, irmão, coadjutor. Nasceu no ano de 1533, em Saint-Jean Pied-de-Port, povoado da Gasconha, pertencente à França, mas que na época do seu nascimento era da Espanha. Foi lançado vivo ao mar.
Beato Alonso de Baena, irmão, coadjutor. Nasceu em Villatobas, Toledo, Espanha, no ano de 1539. Ferido e lançado ao mar vivo.
Beato Esteban de Zuraire, irmão, coadjutor. Nasceu em Biscaia, Espanha. Lançado vivo ao mar.
Beato Juan de San Martín, irmão, estudante. Nasceu em Yuncos, Toledo, Espanha, em 1550. Lançado vivo ao mar.
Beato Juan de Zafra, irmão, coadjutor. Nasceu em Jerez, Espanha. Foi lançado vivo ao mar.
Beato Francisco Pérez Godói, irmão, estudante. Nasceu em Torrijos, Espanha, em 1540. Era parente de Santa Teresa de Ávila. Ferido a punhaladas e lançado vivo ao mar.
Beato Gregório Escribano, irmão, coadjutor. Nasceu em Logroño, Espanha. Foi lançado vivo ao mar.
Beato Fernán Sanchez, irmão, estudante. Nasceu na Espanha, em Castela-a-Velha. Lançado ferido ao mar.
Beato Gonçalo Henriques, irmão, estudante. Nasceu no Porto. Lançado ao mar, não se sabe se ainda vivo ou já morto.
Beato Manuel Rodrigues, irmão, estudante. Nasceu em Alcochete. Lançado vivo ao mar.
Beato Nicolau Diniz, irmão, estudante. Nasceu em Bragança, em 1553. Lançado vivo ao mar.
Beato Diogo Mimoso, irmão, estudante. Nasceu em Nisa. Morto à lança e atirado ao mar.
Beato Brás Ribeiro, irmão, coadjutor. Nasceu em Braga, em 1546. Os hereges mataram-no com uma cutilada na cabeça enquanto estava ajoelhado rezando diante das relíquias, e lançado ao mar já morto.
Beato Gaspar Álvares, irmão. Nasceu no Porto. Foi ferido a punhaladas e lançado vivo ao mar.
Beato Manuel Fernandes, irmão, estudante. Nasceu em Celorico. Lançado vivo ao mar.
Beato Manuel Pacheco, irmão, estudante. Nasceu em Ceuta, cidade do norte de África que à época pertencia à coroa de Portugal. Foi lançado ao mar.
Beato Pedro Fontoura, irmão, coadjutor. Nasceu em Braga. Estando em oração diante das relíquias, um herege acutilou-o no rosto, cortando-lhe a língua; assim foi lançado ao mar.
Beato Simão da Costa, irmão, coadjutor. Nasceu no Porto. Foi degolado e lançado ao mar.
Beato Simão Lopes, irmão, estudante. Nasceu em Ourém. Lançado vivo ao mar.
Beato João Adauto. Natural de Entre Douro e Minho. Sobrinho do capitão da nau Santiago, não era da Companhia, embora desejasse vir a sê-lo. Em toda a viagem andava com P. Inácio de Azevedo e os demais religiosos, e durante o combate vestiu um dos hábitos religiosos que tiraram dos jesuítas. Vendo que os irmãos se deixavam matar sem resistência, consentiu no mesmo. Lançado vivo ao mar.

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