"...brilhe a vossa luz diante dos homens,
de modo que, vendo as vossas boas obras,
glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu."
(Mt 5, 16)

São vários os cristão alentejanos,
ou com profunda relação ao Alentejo,

que se deixaram transformar pela Boa Nova de Jesus Cristo
e com as suas vidas iluminaram a vida da Igreja.
Deles queremos fazer memória.
Alguns a Igreja já reconheceu como Santos,
outros estão os processos em curso,

outros ainda não foram iniciados os processos e talvez nunca venham a ser…
Não querendo antecipar-nos nem sobrepor-nos ao juízo da Santa Mãe Igreja,
queremos fazer memória destas vidas luminosas.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Beato Nuno de Santa Maria
monge da Ordem do Carmo
memória litúrgica: 6 de Novembro

Resumo Biográfico
Nasceu a 24 de Junho de 1360, em Cernache do Bom Jardim, filho ilegítimo de D. Álvaro Gonçalves Pereira, que foi Prior do Priorato do Crato, dos Cavaleiros de São João de Jerusalém e de D. Iria Gonçalves de Carvalhal, dama da Infanta Dona Beatriz (filha de D. Fernando). A infância e a adolescência decorreram neste ambiente cavalheiresco e profundamente religioso que havia nestes grupos. Imbuído do ideal de Galaad, um dos cavaleiros da mesa redonda que acompanhavam o mítico Rei Artur, quis permanecer celibatário, mas, para não contrariar o seu pai, veio a casar-se com D.ª Leonor de Alvim, com quem teria três filhos e com quem teve uma vida matrimonial feliz. O casamento teve lugar a 15 de Agosto, festa da Assunção de Maria, de 1376.
Dois dos seus filhos morreram crianças e apenas a terceira, D.ª Beatriz, chegaria à idade adulta, casando-se com D. Afonso, o filho do rei D. João I.
O jovem Nuno sobressaiu rapidamente na corte. A sua nobreza de ânimo, a sua valentia, a lealdade para com o rei e o ideal de pureza que parecia ter-se traçado desde criança, chamaram à atenção quer da família real quer dos outros cortesãos.
A morte do rei D. Fernando de Portugal originou um problema dinástico. Alguns cavaleiros portugueses defendiam o direito ao trono de Beatriz, filha do rei Fernando, casada com o rei de Castela, o que provavelmente teria suposto a incorporação da coroa portuguesa no reino de Castela. Mas muitos outros cavaleiros lusitanos, entre eles Nuno, defendiam o direito ao trono de João, irmão do rei Fernando. Não demorou muito a rebentar uma guerra entre os dois reinos, provocada pelo problema da sucessão dinástica. A guerra durou vários anos, com períodos de relativa calma. Em Abril de 1384, as tropas portuguesas, ao serviço de D. João, vencem a facção rival, na batalha de Atoleiros, o que originou, a subida ao trono de João I. Um ano mais tarde, no dia 14 de Agosto de 1385, as tropas comandadas por Nuno Álvares Pereira derrotaram os seguidores do rei de Castela, na memorável batalha de Aljubarrota, e, pouco depois, em Valverde, o que fez com que Nuno ganhasse uma grande fama como herói nacional. A paz definitiva seria assinada em 1411.
Mas, pouco mais tarde, a desgraça abateu-se sobre o Condestável. Em 1387, morre a sua esposa, D.ª Leonor de Alvim, que residia no Porto com a filha dos dois. Depois, o ainda jovem Nuno negou-se a contrair novo casamento. A vida de piedade e penitência acentua-se sobremaneira e o Condestável, herói de tantas batalhas, famoso guerreiro ao serviço do rei, vai, a pouco e pouco, adquirindo a reputação de homem piedoso e santo.
À sua intervenção decisiva se deve a construção de Igrejas e Conventos por todo o Portugal, destacam-se o Santuário Nacional de Nª Srª da Conceição de Vila Viçosa e o Convento e Igreja dos carmelitas, em Lisboa. As obras duraram mais de oito anos. Os carmelitas, vindos do convento de Moura, instalaram-se no “Carmo” de Lisboa no dia 15 de Agosto de 1397.
Em 1415, Nuno viria ainda a ter tempo de participar numa nova campanha portuguesa, desta vez para além do estreito de Gibraltar, em Ceuta, comandando e contribuindo com a sua experiência militar na expedição portuguesa que se dirigia para o referido lugar do Norte de África. Nuno, com 55 anos, sentia-se já cansado. Pouco depois aconteceu a morte da sua filha, o que provavelmente acelerou a sua decisão de se afastar do mundo e de ter uma vida totalmente entregue à penitência, à piedade e à oração.
Em Agosto de 1423, o Condestável, decide, ingressar na Ordem do Carmo, e levar uma vida de total penitência e austeridade, como irmão donato. No dia 15 de Agosto, festa da Assunção de Nossa Senhora e data à que parece que a vida de Nuno estava intimamente ligada, vestiu o hábito Carmelita, tomando o nome de frei Nuno de Stª Maria. Apesar das pressões de toda a ordem, recusou privilégios ou mitigações da austeridade conventual. Por intervenção de D. Duarte, filho de João I, convenceu-se, ao menos, que não fosse para um convento longínquo, como era seu desejo e ficou no Convento de Lisboa que mandara construir. O mesmo príncipe conseguiu que Nuno renunciasse ao desejo de mendigar para o convento pelas ruas de Lisboa, como faziam os irmãos donatos.
Sempre recusou ser chamado doutra maneira que não “Frei Nuno de Stª Maria”, recusando qualquer tipo de título de nobreza. Mais ainda, quando o príncipe D. Duarte quis que conservasse o título de Condestável, Nuno respondeu com humildade, mas com firmeza: “o Condestável morreu e está enterrado num santuário…” Depois de oito anos de vida de penitência e de grande austeridade, Frei Nuno de Stª Maria morreu em Lisboa, no dia 1 de Abril de 1431. O seu funeral constituiu uma enorme manifestação de dor, quer por parte da nobreza e da família real, quer por parte dos carmelitas e de tantos devotos, que viram nele um modelo de penitência, de humildade e de desprezo das galas e honras deste mundo.
cf. Site Oficial da Canonização de Nuno de Santa Maria

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