"...brilhe a vossa luz diante dos homens,
de modo que, vendo as vossas boas obras,
glorifiquem o vosso Pai, que está no Céu."
(Mt 5, 16)

São vários os cristão alentejanos,
ou com profunda relação ao Alentejo,

que se deixaram transformar pela Boa Nova de Jesus Cristo
e com as suas vidas iluminaram a vida da Igreja.
Deles queremos fazer memória.
Alguns a Igreja já reconheceu como Santos,
outros estão os processos em curso,

outros ainda não foram iniciados os processos e talvez nunca venham a ser…
Não querendo antecipar-nos nem sobrepor-nos ao juízo da Santa Mãe Igreja,
queremos fazer memória destas vidas luminosas.

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Só no amor se é fiel
e só na fidelidade
se prova o amor…

No passado dia 20 de Novembro, as Irmãs Concepcionistas ao Serviço dos Pobres, celebraram, em Fátima, o cinquentenário do Testamento Espiritual de Madre Maria Isabel da SS.ma Trindade. Presidiu à Eucaristia o Senhor D. Augusto César, Bispo Emérito de Portalegre e Castelo Branco. Partilhamos com os nossos leitores uma parte da homilia, então proferida.

O ‘Testamento Espiritual’ de Maria Isabel da Santíssima Trindade constitui um ‘canto e um ‘encanto’. Como canto, expande o que ela sente no coração: louvor e gratidão ao Senhor, que atrai, chama e envia. E como encanto põe os olhos da confiança na Senhora Imaculada e na sua atitude de ‘Serva humilde’; a seguir, familiariza-se com a simplicidade e o despojamento de Francisco de Assis e, como ele, dispõe-se a servir os pobres.
Em termos de análise, olhemos para o texto e ponhamos a descoberto o que melhor define, relativamente ao essencial.
Primeiramente, o conceito duma ‘herança’: o coração de Maria Isabel, atento ao sofrimento dos pobres, inspirava compaixão e vontade de os servir, partilhando mesmo a sua sorte. Isto, à imagem do que fizera Jesus: Junta-se com os publicanos e pecadores, e comia com eles. Enquanto assim pensava, sentia no seu interior, o despertar dum desejo que atraía até à consagração. Pois, quando nos deixamos conduzir pela fé, não abrimos as portas do egoísmo nem
fazemos parceria com o medo. Antes, confiamos na palavra de Jesus: “Eu estarei convosco até ao fim dos tempos”!
Passemos agora ao carisma: trata-se de um impulso interior, ungido de inspiração, que desabrocha ao sabor do discernimento e da oração … e que abre caminho ao apostolado e à confiança. Todavia, nos tempos que correm, surgem alguns obstáculos que desgastam o carisma ou vão tolhendo os seus frutos. Por exemplo: a ‘autonomia’ muito apetecida e cultivada pela moda e pela comunicação social… o ‘individualismo’ susceptível de abrir caminho ao egoísmo e a alguma singularidade nada benéfica, em comunidade… e o ‘capricho’ com manifestações excêntricas e arrogantes.
Finalmente, demos ouvidos à exortação: trata-se dum alento de fé, que vale também como súplica da última hora. A Fundadora antevê um esforço fecundo pela graça de Deus; e sabe que a sua vida é um quase testemunho sacramental. Por isso, faz um apelo amoroso e vigoroso à vigilância e à fidelidade; pois, sabe que se houver quebras ou regateio na obediência e na fraternidade, pode haver ruptura, como aconteceu com o povo de Israel. E, embora S. Paulo diga que se formos infiéis, Deus permanece fiel… e que se desistirmos, Ele nunca desiste… A Fundadora assenta a exortação na necessidade da verdade na linguagem… da humildade e simplicidade no procedimento… e da gratidão na relação com Deus e com as companheiras e superioras. E põe em evidência o modelo da Sagrada Família, para que nada quebre a boa harmonia comunitária e a responsabilidade. Quer dizer: só no amor se é fiel e só na fidelidade se prova o amor.
Maria Isabel da Santíssima Trindade expressa, deste modo sereno, embora inflamado, o que lhe vai na alma. E porque sente que tudo é dom e é graça, pede às suas filhas espirituais que se esforcem por ser fiéis e generosas… fraternas e cheias de confiança… amantes do recolhimento e do silêncio… desprendidas e laboriosas… e sempre de mãos dadas com a oração. Depois olhando para o céu, numa atitude confiante e atraente, diz às suas filhas que as leva no coração, para que não se sintam órfãs nem dispersas por causa do trabalho e das dificuldades. O serviço dos pobres será o grande objectivo das suas vidas e a santidade o melhor meio de o conseguir.
Demos todos juntos graças a Deus!
+ Augusto César
Bispo Emérito da Diocese de Portalegre e Castelo Branco
in «SEARA DOS POBRES», nº 57 - Janeiro/Fevereiro/Março - ano 2011

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